Quando por um acaso de mim lembrar
No porta-retrato eu vou estar
Num papel amassado pela mão que me teve
Tantos outros quadros pendurados na parede
Teria sido poético, teria sido sim
Se meu eu cético não fosse assim
E aí tu me encontraria
Naquela esquina da padaria
Que eu costumava Caetano escutar
Fora cor, fora eu, fora nós
No sussurro da voz
Fora não, fora sim, fora inverno verão
Aqui dentro de mim
O tempo rasgado marcado no violão
Fizera da foto um mero borrão
Um corpo ausente que tende a chorar
Da menina perdida, até eu me encaixar
Queixo erguido, caneta na língua
Te trago verdades não ditas ainda
E se escutar aquele refrão
Tenta notar uma história em vão
Fora cor, fora eu, fora nós
No sussurro da voz
Fora não, fora sim, fora inverno verão
Aqui dentro de mim
Avisa dona lua que eu já cheguei
Crescida, vivida e perdoada
Ali no alto da madrugada
Fênix negra reencarnada